"És um é curioso? Então prepare-se, pois o principal atributo que um estudante de Magia deve ter é a curiosidade. Aqui começa a mais
estranha e patética das partes da magia. É perigosa. É altamente confidencial.
Fé e coragem são necessárias para a penetração em seus segredos". (Palavras de São Cipriano)
São Cipriano sempre
foi curioso. Nunca teve receios de perguntar e nem medo de saber o segredo
das coisas. Dizem, que um dia, disposto a saber da boca de um pastor o poder de uma erva
que ressuscitava, escalou uma montanha. O pastor, distraído, brincava com um
besouro, desses que comumente são chamados de vaca loura. O grande feiticeiro viu
assombrado, que o pastor matava o besouro e que este ressuscitava em seguida.
__ Que estranho e
grande poder, do Cosmo dos Cosmos, possui aquele pastor, disse consigo mesmo
São Cipriano.
Aproximando-se do zagal, perguntou:
__ Que fazes, bom pastor?
__ Guardo o meu rebanho. E quem é você?
__ Eu sou Cipriano.
__ Cipriano, o Feiticeiro?
__ Que farias, se eu fosse Cipriano o Feiticeiro?
__ Nem sei o que seria de mim sozinho nesta montanha...
__ Não sou o Feiticeiro. - mentiu - Eu sou o bispo de Cartago.
__ Bom senhor, ouve os meus pecados e me absolva!
Aproximando-se do zagal, perguntou:
__ Que fazes, bom pastor?
__ Guardo o meu rebanho. E quem é você?
__ Eu sou Cipriano.
__ Cipriano, o Feiticeiro?
__ Que farias, se eu fosse Cipriano o Feiticeiro?
__ Nem sei o que seria de mim sozinho nesta montanha...
__ Não sou o Feiticeiro. - mentiu - Eu sou o bispo de Cartago.
__ Bom senhor, ouve os meus pecados e me absolva!
Então, Cipriano
pensou consigo mesmo: usando boas maneiras eu vou acabar descobrindo o grande
segredo desse pastor!
__ Estás perdoado, bom pastor, estás perdoado. Mas o que foi que fizeste daquele besouro que, depois de morto, ainda há pouco, ressuscitou?
__ Curei-o com uma erva que se cria nos montes e que os besouros, as lavandiscas e as andorinhas conhecem.
__ E como foi que a descobriu, meu filho?
__ Estando eu a brincar, falou o pastor, encontrei um desses besouros e matei-o. Mas, passados alguns minutos, vi chegar outro besouro com uma erva entre os cornos e colocá-la no besouro morto que imediatamente ressuscitou. Eu então tirei-lhe a erva, guardei-a e agora me divirto matando bichos e ressuscitando-os logo que lhes toco a erva.
__ Estás perdoado, bom pastor, estás perdoado. Mas o que foi que fizeste daquele besouro que, depois de morto, ainda há pouco, ressuscitou?
__ Curei-o com uma erva que se cria nos montes e que os besouros, as lavandiscas e as andorinhas conhecem.
__ E como foi que a descobriu, meu filho?
__ Estando eu a brincar, falou o pastor, encontrei um desses besouros e matei-o. Mas, passados alguns minutos, vi chegar outro besouro com uma erva entre os cornos e colocá-la no besouro morto que imediatamente ressuscitou. Eu então tirei-lhe a erva, guardei-a e agora me divirto matando bichos e ressuscitando-os logo que lhes toco a erva.
__ Que grande
virtude tem essa erva, meu filho! - exclamou fingidamente o grande Mago.
__ Essa erva, disse o pastor, tem a virtude para todas as atribulações dessa vida. Se desejais possuí-la, eu vou apanhar!
__ E como se pode apanhá-la, meu querido filho?
__ Muito facilmente.
__ Essa erva, disse o pastor, tem a virtude para todas as atribulações dessa vida. Se desejais possuí-la, eu vou apanhar!
__ E como se pode apanhá-la, meu querido filho?
__ Muito facilmente.
O pastor procurou um
ninho de andorinhas cujos ovos já se encontravam no choco. Apanhou os ovos,
cozeu-os em água quente e os devolveu ao ninho, sem que as andorinhas
percebessem. Quando elas retornaram, passado algum tempo, verificaram que a
criação não nascia: buscando a dita erva, colocavam sobre os ovos.
O pastor, que estava à espera disso, trouxe a erva e a deu de presente a São Cipriano.
O pastor, que estava à espera disso, trouxe a erva e a deu de presente a São Cipriano.
Essa
estranha e miraculosa erva possui estranhas virtudes, chegando mesmo a
ressuscitar os mortos. O homem que escolhido pela Providência encontrar tal
erva, será o mais feliz dos mortais!
COISAS QUE VOCÊ DEVE SABER SOBRE O MAGO DAS TREVAS
Muito pouco se sabe
sobre São Cipriano, o santo que possui forte identificação na Umbanda como Exu - o diabo do catolicismo - e é lembrado para solucionar amores mal resolvidos, obter sorte e combater o mau-olhado. O motivo dessa confusão no imaginário popular é que no universo mágico existem dois Ciprianos: ambos foram bispos, são africanos e em algum momento do século III, expandiram seus
conhecimentos após viajarem pelo Mediterrâneo. Esse artigo pretende esclarecer algumas dúvidas e revelar cinco coisas que você certamente desconhecia - inclusive sobre o famoso Livro de orações e sortilégios do grande feiticeiro.
1 - QUEM FOI SÃO CIPRIANO?
Por causa de sua
postura radical, Cipriano sofreu duras perseguições do imperador Décio, que
oferecia aos cristãos a oportunidade de negar a fé optando pelo libellus -
documento expedido aos cidadãos atestando sua lealdade às autoridades do
Império Romano. Muitos cristãos, como Cipriano, preferiram fugir a se submeter
às ordens de Roma; outros preferiram preservar a vida e aceitaram o documento
passando a ser chamados libelados. Mesmo diante da perseguição, Cipriano
continuou a prestar clandestinamente serviços à Igreja. Mas no ano 258, o santo
bispo foi denunciado, preso e condenado à decapitação.
2 - SE SÃO CIPRIANO É UM SANTO, POR QUE É SEMPRE LEMBRADO COMO UM FEITICEIRO?
Essa confusão teve início com o surgimento da lenda sobre a existência de um "segundo" Cipriano,
o feiticeiro, que nasceu de uma família pagã - não em Cartago - mas na Antioquia. Educado nos Mistérios,
desde jovem aprendeu a ler a sorte e todas as artes divinatórias, como a
libanomancia (observação das volutas da fumaça do incenso); quiromancia
(leitura das mãos); e segundo informações a se comunicar com os mortos. Viajou
para a Babilônia, aprendeu a Astrologia secreta dos caldeus; e aos trinta e
poucos anos se dedicou à Magia estabelecendo contato direto com as hordas
demoníacas.
Quando resolveu
retornar à Antioquia, Cipriano já havia se tornado um famoso feiticeiro. Mas
mesmo sendo rico e poderoso considerava-se infeliz, pois mesmo sabedor de
fórmulas secretas e orações mágicas nunca havia experimentado o amor - até o
dia que conheceu uma bela jovem cristã.
Cipriano costumava
observa-la todas as noites quando a via retornar da igreja, radiosa entre seus
pais. Ele ficava à espreita, na escuridão, embrulhado em um manto enquanto
tentava aspirar de longe o perfume suave e o frescor daquele corpo virgem.
Uma noite no
laboratório, Cipriano confessou a Acládio, seu ajudante, a paixão pela donzela
que descobriu se chamar Justina. Disposto a conquista-la, passou a fabricar
todos os tipos de feitiços e unguentos que a obrigaria enxergar nele a paixão. Sem
sucesso, enviou todos os tipos de demônios que não conseguiram dobrar a vontade
da jovem: o deus de Justina, concluiu, era mais poderoso do que pensava. Logo percebeu que nenhuma oração ou feitiço o faria visível aos olhos dela. Depois
de inúmeras tentativas de invadir seus sonhos e de "se colocar à cabeceira soprando-lhe nos ouvidos palavras voluptuosas", Cipriano evocou Satanás,
que acometeu a jovem de dores e alucinações ao mesmo tempo em que espalhava uma
terrível peste em Antioquia. Satanás ordenou que todos os oráculos dissessem que a
peste e as dores de Justina cessariam somente se a jovem sucumbisse ao amor de
Cipriano, o feiticeiro.
Justina orou publicamente
a Deus por si e pelo povo; e a peste cessou. Arrependido, Cipriano fez o sinal
da cruz e foi libertado das patas de Satanás. Abjurou a Magia, queimou seus
livros e distribuiu sua riqueza aos pobres. Tornou-se um cristão e muitos
anos depois, o bispo de Antioquia. Ao reencontrar Justina como abadessa em um
mosteiro, prometeu amá-la para sempre, porém, embalados pelo amor de Jesus Cristo.
Todavia, a notícia
da conversão de Cipriano em Antioquia atraiu a atenção do imperador Diocleciano que ordenou
sua prisão e também de Justina. Ambos foram açoitados com pentes de ferro, degolados
e jogados em uma caldeira de azeite fervente. Tornaram-se, pois, mártires e santos da Igreja Católica. Os restos mortais de São Cipriano se encontram na Basílica Papal de São João de Latrão (San Giovanni in Latrano), Roma. São Cipriano é comemorado no dia 16 de setembro; e Santa Justina em 26 do mesmo mês.
3 - POR QUE A LENDA DE CIPRIANO E JUSTINA NOS PARECE TÃO SEDUTORA E IMORTAL?
É sedutora e imortal porque a história desse amor não
correspondido é semelhante ao poema dramático chamado Fausto,
escrito em 1175 pelo alemão Johann Wolfgang Von Goethe.
Sim, se você não conhece ou nunca ouviu falar, o célebre poema de Goethe conta a trajetória do Doutor Fausto, um homem rico e extremamente
inteligente que sofre por ter se apaixonado por uma jovem chamada Margarida. Frustrado, Fausto conhece Mefistófeles, um demônio muito conhecido na Idade Média, e faz um pacto de sangue: vender sua alma em troca do amor de Margarida.
Obra prima do poeta alemão Goethe, Fausto é baseada em uma lenda medieval, que revela a decadência do espírito humano que se deixa seduzir pela maldade. O poema conta a as angústias de Fausto, que apesar de dominar todas as ciências, revela-se insatisfeito com a vida. O mito de Fausto influenciou inúmeras adaptações, tanto literárias quanto visuais - como o filme O Advogado do Diabo. Mas, a versão literal da obra pode ser observada na lenda de São Cipriano, o feiticeiro. Dizem, que Goethe (maçom e estudante de ocultismo) se inspirou na história real de um homem chamado Johann Georg Faust (1480-1540), um astrólogo acusado de feitiçaria que teria vivido na época do Renascimento alemão. Muitas histórias paralelas surgiram em torno da vida do tal astrólogo, que além de ter sido acusado de assédio sexual contra mulheres e rapazes, acreditava conversar com o próprio diabo.
Tanto
na obra imortal de Goethe, quanto na biografia fantástica de São Cipriano, o
homem é seduzido pelos desejos de adquirir bens materiais e amores proibidos através de poções mágicas, apelos ou orações milagrosas. Podemos
considerar, portanto, que a lenda de Fausto é uma referência poética das inquietações do homem e suas vãs tentativas de controlar o destino.
4 - ENTÃO PODEMOS AFIRMAR QUE O LIVRO DE SÃO CIPRIANO SIMBOLIZA AS NOSSAS FRUSTRAÇÕES?
Podemos afirmar que, psicologicamente, sim. A primeira edição em português
de "O Verdadeiro Livro de São Cipriano", data de 1846. Esse livro,
que na primeira página advertia "o perigo atrair a presença do próprio
diabo", se tornaria um "poderoso manual de bruxaria, feitiços,
encantamentos e sortilégios". Mas o que muitos desconheciam é que esse
livro se tratava, na verdade, de uma coletânea de diferentes grimórios (manuais
de magia atribuídos a vários autores desconhecidos).
No Brasil, segundo a historiadora Laura de Mello e Souza em seu maravilhoso livro O Diabo e a Terra de Santa Cruz, na segunda metade do século XVIII, ocasião da Visitação do Santo Ofício da Inquisição, muitas orações que envolviam feitiços e mandingas eram atribuídas exclusivamente à São Cipriano.
Logo, "O Livro da Capa Negra" foi associado preconceituosamente às práticas religiosas judaicas - e principalmente às africanas. Publicado de maneira indiscriminada e interesseira por vários
editores, O Verdadeiro Livro de São Cipriano acabou se tornando um "almanaque ocultista" que alimentou sobremaneira a maldade, a curiosidade e a crendice popular.
São Cipriano, o
bruxo, é considerado, portanto, um personagem fictício, já que os historiadores nunca
encontraram evidências sobre a sua existência. Essa dificuldade obrigou o
Vaticano a removê-lo da lista de santos no inicio dos anos 1960. Essa imagem
diabólica que você vê acima é uma mistura de vários símbolos religiosos e elementos esotéricos.
5 - QUEM FOI O RESPONSÁVEL PELA PROPAGAÇÃO DESSAS LENDAS SOBRE SÃO CIPRIANO?
Pode-se atribuir essa responsabilidade à Legenda Áurea, uma
coletânea hagiográfica escrita no século XIII, por Jacopo de Varazze, arcebispo
de Gênova (1236-1298). A obra, amplamente utilizada como fonte pelos jograis,
tinha a intenção de difundir valores morais edificantes e arregimentar um
número maior de fiéis para a Igreja. O conteúdo ajudava a criar histórias
mirabolantes de aventuras e milagres dos santos com intuito de alimentar o
imaginário popular e proporcionar uma pregação mais eficiente em torno da
religião.
O QUE É A LEGENDA ÁUREA?
Escrito no século XIII, esse clássico da literatura religiosa rivalizou em popularidade com a Bíblia e serviu de fonte para pinturas e desenhos de como conhecemos os santos católicos. De leitura prazerosa e acessível, ela conta a vida de 153 santos como Santo Antônio, São Francisco, Santo Expedito, São Jorge, São Sebastião - todos abordados em outros artigos neste blog. Muito popular na Idade Média, a Legenda Áurea foi traduzida para todas as línguas da Europa Ocidental. Mesmo na época de sua circulação, os estudiosos encontraram nela apenas um compêndio de eventos fantásticos isentos de perspectivas históricas.
CONCLUSÃO: Depois de saber tudo sobre o Livro da Capa Negra de São Cipriano, me responda: o que você entende por magia? Alguma vez tentou
praticá-la? Já procurou algum iniciado à espera de resultados que te beneficiariam ou prejudicariam alguém?
Cada uma dessas perguntas pode ser respondida de várias maneiras diferentes.
Segundo Eliphas Levi, existem três tipos de magia a saber: a "branca", a
"cinzenta" e a "negra". A primeira é desinteressada e altruística; a
segunda, tem uma finalidade egoísta, ainda que leve; e a última visa exclusivamente o mal.
As crianças praticam magia o tempo inteiro e nem por isso
são más. A intenção da mente humana transforma qualquer coisa boa em má. Que atire a primeira pedra, aquele que nunca leu ou se deteve diante de um oráculo munido do desejo de destruir o passado, controlar o presente e manipular o futuro! Confesse que nunca desejou descobrir ou reencontrar a felicidade! Confesse!
Mas muita gente se esquece que a felicidade é um conceito muito pessoal e relativo. E para encontrá-la, basta tomar consciência dos processos que nos impedem de chegar até ela.
Todos nós temos desejos, sonhos e necessidades, mas é
muito fácil ignorá-los e procurar atalhos mágicos ou fórmulas prontas. Isso dá
oportunidade para o surgimento de aproveitadores que desde os tempos mais remotos reapareçam a todo instante para explorar as fragilidades humanas.
Boa!!!gostei!!!!
ResponderExcluirSempre uma aula.
Beijão
Obrigado, minha Amiga! Namastê!
Excluir