Quais as diferenças entre Umbanda e Candomblé?


Quem gosta de cachaça é Exu. Quem veste de branco é Oxalá. Quem recebe oferendas em alguidares são os Orixás. E que quem adora os Orixás são milhões de brasileiros. Os cultos afro-brasileiros surgiram no Brasil por volta de 1850, a partir de diversos elementos. No nordeste, o culto é chamado candomblé; no sudeste, macumba.

Segundo o antropólogo Carlos Eugênio Marcondes de Moura, os sincretismos só ocorrem quando dois ou mais temas religiosos se combinam harmoniosamente e produzem uma religião original. O melhor exemplo foi no que aconteceu no Brasil: um sistema sincrético, que fundiu a crença nos Orixás - culto africano - com o catolicismo e com entidades urbanas. Nesse pequeno artigo eu escolhi as quatro principais diferenças que caracterizam as duas religiões.

MOTUMBÁ ASÉ!


O nome Candomblé (de Ka-n-dom-id-e) é um derivado verbal de Kulomba, étimo originário do protobanto que significa "bater com o pé no chão", "rezar cantando", "casa da dança". Literalmente, o Candomblé é uma dança religiosa na qual se reza para os Orixás. Seus seguidores acreditam que todos os seres da Natureza são comandados por um Orixá (esse conceito se assemelha bastante aos Devas) . No Candomblé, o Orixá é uma força criativa que age sob a tutela de Olorum (tradição Nagô); Mawu (tradição Jeje); e Zambi (tradição Angola) - considerados O Criador do Universo.

No Brasil, os cultos - profundamente ligados à preservação da cultura e da arte - são associados aos rituais animistas dos negros trazidos da Nigéria, Benin e Togo. 

Em diferentes momentos da história, aos poucos, o Candomblé se formou nas mais diversas regiões e estados. É justamente por isso que elas adotam diferentes formas, rituais de diferentes versões de cultos. A crenças nos Orixás, assim transplantada da África para o Brasil, foi aqui reelaborada a partir de novas realidades socioculturais. O Candomblé é uma religião musical e culturalmente rica, pois sua dança tem papel muito importante nos rituais.  Na realidade, é um culto que procura preservar as origens africanas em sua integridade.


SARAVÁ!


Por sua vez, a Umbanda é uma religião que nasceu no Rio de Janeiro, na década de 1920. Sua principal característica é a assimilação de vários elementos religiosos tomados do catolicismo, Espiritismo, Budismo e Hinduísmo. Sua "brasilidade" é devida ao sincretismo que assimilou o "espiritismo urbano" que atingiu a classes média e alta no inicio do século passado e que, popularmente, passou a ser conhecido por macumba. Acredita-se que o nome Umbanda vem da palavra "allabanda", e quer dizer “Deus ao nosso lado”. Os umbandistas creem na existência de um Ente Superior, Criador de todas as coisas e responsável pelas entidades tutelares - Deus/Oxalá/Jesus.

Segundo Mircea Eliade, a Umbanda tornou-se popular a partir de 1925-1930 e sofreu repressão política durante o governo de Getúlio Vargas, até o início de 1950. Mas, em pleno século XXI ainda sofre perseguição por parte das religiões pentecostais. E o próprios negros - que deveriam preservar sua cultura - sentem vergonha de suas raízes.




Além dos Orixás, a Umbanda recebe os espíritos dos Guias, que são escalonados em Linhas ou Falanges. O esquema mais difundido é o das Sete Linhas (também conhecida como Sete Falanges). Existe a Linha de Oxalá, Linha de Iemanjá, Linha de Oxóssi, Linha de Xangô, Linha do Oriente, Linha das Almas e Linha de Ogum. Em todas as Linhas os Guias são cultuados como Espíritos de Luz. E em seus rituais os despachos estão voltados para a prática do bem e da caridade.

OS ORIXÁS


No Candomblé, os Orixás são deuses de origem africana. Na África, existem mais de 200 Orixás. Mas, na vinda dos escravos para o Brasil, grande parte dessa tradição se perdeu. Dos duzentos, apenas doze são cultuados: Exu, Ogum, Oxóssi, Obaluaiê, Ossaim, Oxumarê, Xangô, Oxum, Iansã, Nanã, Iemanjá e Oxalá. Nenhum Orixá é superior ou inferior a outro. Todos possuem características muito humanas: são vaidosos, passionais, temperamentais, fortes, ciumentos e maternais. Cada traço da personalidade é associado a um elemento da natureza e da sua cultura. No panteão, não existe o Bem e o Mal, isoladamente.


Já na Umbanda, os Guias se manifestam nas entidades que são agrupadas em hierarquia, que vai dos espíritos "maus" ou "marginais" conhecidos como Exus. 

+Todos personificados nas figuras dos malandros (Zé Pelintra), prostitutas (Pomba-giras) e ciganos.

O segundo agrupamento é reservado aos espíritos considerados "baixos" (cablocos, caciques e indígenas); e o terceiro agrupamento aos "espíritos evoluídos" (Pretos Velhos).

O CULTO


No Candomblé, celebra-se a louvação aos Orixás que "incorporam" nos fiéis, para fortalecer o axé (energia vital) que protege o terreiro e seus membros. Na Umbanda, o culto é baseado no desenvolvimento espiritual dos médiuns que, quando "incorporam", dão passes públicos e consultas.


A INICIAÇÃO


No Candomblé, a iniciação é uma condição essencial para participar do culto. O reconhecimento dura de sete a 21 dias. O ritual envolve o sacrifício de animais e a oferenda de alimentos e a obediência a rígidos preceitos.

Na Umbanda, não é necessário um ritual iniciático. O recolhimento é de apenas um a dois dias. O sacrifício de animais não é obrigatório. O batismo é realizado com água do mar ou de cachoeira.

A MÚSICA


No Candomblé, sem música não existe cerimônia: os cânticos, em língua africana, são acompanhados por três atabaques que fazem soar o toque durante o ritual: o Rum, Rumpi e o Lé (o primeiro faz a marcação dos passos da dança; e os dois últimos reforçam a marcação reproduzindo as modulações da língua iorubá).

Os três atabaques são tocados por iniciados do sexo masculino. Dizem que existem mais de quinze ritmos diferenciados. Os versos e as frases rítmicas, repetidas incansavelmente têm o poder de captar energias da natureza, segundo os praticantes. Na Umbanda, os cânticos são acompanhados por palmas ou atabaques, tocados por fiéis de qualquer sexo.


Priom
Mestre Interior
Meu nome é Priom e permaneço em processo constante de conhecimento sobre mim mesmo, sobre o mundo e sobre as relações humanas. Compartilho aqui conteúdos apurados  sobre Numerologia, Astrologia, Espiritualidade e religião. Saiba mais sobre mim e o blog aqui.

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