Você tem de medo de quê?


Eu tenho medo de cachorros. Desde criança, e até hoje, quando me deparo com um - seja grande ou pequeno - um sinal vermelho se acende: na presença deles sinto arrepios, taquicardia. Na minha cabeça, um Pit Bull ou um Maltipoo são a mesma coisa. Todos são sinônimos de um perigo que não consigo explicar. Mas, antes que você pergunte, não, nunca fui mordido por nenhum deles (graças a Deus!).

Muitos não entendem o medo que tenho. E as respostas dos donos -ou tutores, como reza a cartilha moderna - são quase sempre as mesmas: “fique tranquilo, meu o cãozinho nunca mordeu ninguém"; "aliás, um homem do seu tamanho não deveria ter medo deles"

Acredito que sejam fofinhos, mas não é assim tão simples. Quantas vezes é preciso explicar que o medo que sentimos por determinada coisa pode ser incontrolável e nada tem a ver com gostos, fraquezas ou instabilidades emocionais? 

Pior que tentar convencer os outros é ler comentários grosseiros do tipo “não confio em pessoas que não gostam de cachorros; mas confio totalmente neles quando não gostam de uma pessoa”

O QUE É O MEDO?
Cada um tem suas histórias de medo que vão acompanhando as transformações da vida. O medo é como um alarme que sinaliza a falta de ferramentas, físicas ou emocionais para lidar com uma situação. O medo possibilita preservar o instinto de autopreservação. É uma reação que nos mantém alertas, formando uma espécie de escudo protetor imaginário. Na dose certa nos equilibra e cria a segurança necessária para transitarmos com liberdade. Na dose errada, provoca problemas que limitam as ações e diminui a autoestima - e em alguns casos - precisa ser tratado. É quando o medo se transforma em fobia.

O QUE É FOBIA?
A fobia é uma reação desproporcional do mecanismo de autopreservação, que, enganado, toma como situações de risco estímulos banais do dia a dia - como a visão de um cachorro, por exemplo. Parece uma bobagem semântica a troca de nome efetuada entre as palavras medo e a fobia. Mas não é.

Os psicólogos afirmam que para superar as doses extras de medo é necessário admitir, entender e enfrentar as emoções. Segundo a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, em seu livro Mentes Ansiosas, é necessário que os portadores de qualquer tipo de fobia entendam que desviar de situações que lhes causem ansiedade é um grande equívoco. Enfrentar de frente o medo é ter a certeza de que ele jamais se tornará algo maior do que você.

Abaixo estão os nomes das fobias mais comuns, classificadas por tipo:

FOBIA

FOCO DO MEDO

Tipo de animal


Ailurofobia

Gatos

Aracnofobia

Aranhas

Cinofobia

Cães

Catsaridafobia

Baratas

Entomofobia

Insetos

Ofidiofobia

Cobras



Tipo de ambiente natural


Acrofobia

Altura

Aquafobia

Piscina

Ceraunofobia

Trovão



Sangue, injeção, ferimentos


Hemofobia

Sangue

Aicmofobia

Injeção e agulhas

Odinefobia

Dores



Outros


Cacorrafiofobia

Fracasso

Coulrofobia

Palhaço

Cronofobia

Futuro e do desconhecido

Triscaidecafobia

Número 13


Pesquisas realizadas por institutos de psicologia identificaram que a violência urbana e as doenças do corpo são as duas coisas que mais causam medo atualmente. E mostrou que os medrosos não são frágeis como se imagina e têm um caráter admirável - além de serem competentes, detalhistas, inteligentes, organizados, responsáveis e críticos em relação a si mesmos e aos outros.

É importante ressaltar que existe uma enorme diferença entre as pessoas que possuem um medo "normal" de um objeto ou circunstância e aquelas que apresentam fobias ou medos patológicos. Como foi dito acima, o medo de forma equilibrada é uma condição natural; mas para os portadores de fobias significativas, é desproporcional, podendo trazer prejuízos significativos.

No meu caso, por exemplo, tenho a chance de evitar ambientes que os cães são protagonistas. Entretanto, mesmo sendo cinófobo, consigo dividir o mesmo espaço - desde que não me sinta ameaçado por eles.

São muitos os caminhos que levam a superar as doses extras de medo. Os psicólogos afirmam que essa superação é sustentada em um tripé: admitir o medo, entender o medo e enfrentar as emoções. Mesmo que exista fuga, só o fato de perceber os nossos limites - dentro do que podemos ou não confrontar, já é um grande passo para derrotar os medos. O apoio e a compreensão das pessoas próximas é também fundamental nesse processo - principalmente o respeito do outro ao sofrimento e às barreiras.

CAMINHOS DA SUPERAÇÃO
Nessa trilha, cada um deve usar o recurso que puder. Um bom começo, é meditar e praticar técnicas de relaxamento ou participar de exercícios acompanhados de especialistas que ensinam a desconstruir e vencer as sensações de descontrole interior. 

E você? Quais são os medos que habitam o seu coração e a sua mente? Digite o seu medo aqui nos comentários. Mesmo quem ainda não conseguiu deixar os pavores de lado, falar sobre eles é um grande passo para superar esse obstáculo.

Você tem medo de quê?
 

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