Muitos acreditam que reconhecer a existência de um conflito é perceber que algo não está bem. Mas muitos esquecem que não haveria transformação sem a existência deles.
Conflitos fazem parte da nossa experiência. Viver em uma sociedade em que cada vez mais se enfatizam os direitos, incentivam a competição e promovem o individualismo, os conflitos passam a assumir a principal via de diálogo.
Os sociólogos afirmam que os conflitos são lutas conscientes em que cada grupo almeja uma solução que exclui a desejada pelo outro. Para eles, os conflitos são frutos de interesses e podem ser definidos pela diferença de valores, crenças e opiniões - e até entre duas pessoas isso pode acontecer.
Num estudo recente, ficou-se comprovado que os casais com relacionamentos mais duradouros não eram aqueles que brigavam menos, mas os que sabiam brigar melhor. Essa conclusão reforçou a ideia que a existência ou a permanência de um conflito não se trata de um problema em si: o desafio dos que compartilham o mesmo espaço físico é saber administrar e aprender a viver com as escolhas e diferenças do outro.
O COPO E OS CACOS
O texto a seguir ajuda a entender a gênese de um conflito. Ele foi adaptado de uma história do psicanalista Luiz Alberto Py:
1) Na cozinha da casa de um amigo encontro um copo quebrado. Procuro esconder os cacos empurrando-os para debaixo da pia. Como na casa estão outras cinco pessoas, alguém poderá se ferir.
2) Na cozinha da casa de um amigo encontro um copo quebrado. Finjo que não vejo. O problema não é meu.
3) Na cozinha da casa de um amigo encontro um copo quebrado. Apesar de saber quem quebrou finjo que não vejo. Eles que se resolvam.
4) Na cozinha da casa de um amigo encontro um copo quebrado. Como na casa estão outras cinco pessoas, peço desculpas pelo acidente e proponho comprarmos um copo novo.
5) Na cozinha da casa de um amigo encontro um copo quebrado. Como suponho saber quem quebrou, conto para o dono da casa. Afinal, temos que ser justos uns com os outros.
Eu não sei qual das opções foi a sua resposta, mas suponho que ela terá relação com os seus códigos de comportamento. Afinal, os conflitos acontecem quando colocamos o nosso bem-estar em primeiro lugar. Se houver uma opção diferente, permanecerá a dúvida: será que não teria sido melhor agir ao contrário?
O texto acima é riquíssimo em metáforas. Dele podemos tirar grandes lições sobre o que ocorrerá em 2022. O copo pertence a todos e enquanto os cacos estiverem espalhados ninguém conseguirá caminhar com tranquilidade. Esse simbolismo pode parecer simples, mas a existência de um problema - por menor que seja - nos obriga a ser refém da própria consciência.
O CONFLITUOSO ANO UNIVERSAL 6
O número 6 é devotado à família e a sociedade como um todo. Apesar de ser considerado tolerante e altruísta, o número 6 desperta desconforto - principalmente os que dão origem a guerras, rivalidades, discussões e debates. Essa disposição não é necessariamente uma contradição. O 6 é um número simétrico. Parte dele o torna aberto às novidades; a outra, conservador - fator que assegura a manutenção e a sobrevivência do homem em sociedade.
Depois de quase dois anos de turbulência induzida por uma pandemia é normal que todos estejam emocionalmente vulneráveis. O isolamento potencializou os conflitos internos. Essa sensação de incertezas é semelhante a que ocorreu em 2018, ocasião que vivenciamos o Ano Universal 2 (repare que o algarismo 2 aparece três vezes quando somamos 2+0+2+2).
Lembre-se que o 2 é, por excelência, o número dos antagonismos, dos rompimentos e das dúvidas. Tudo o que ocorrer em 2022 será de certa forma o resultado de tudo o que foi vivenciado desde o Ano Universal 2 (2018) até este momento. Leia novamente o que previ há quatro anos clicando nesse link e você compreenderá o que quero dizer: enquanto não concluirmos com sabedoria a passagem dos Cinco Ciclos anteriores, permaneceremos estacionados entre a expectativa e a esperança até os próximos Quatro Ciclos futuros - que será concluído em 2025!
QUAL É O PRINCIPAL DESAFIO DE 2022?
O grande desafio do Ano Universal 6 é aprender a ser mais tolerante e menos radical consigo mesmo. Em 2022, deveremos assumir as responsabilidades com a família e com o próximo. Precisaremos nos sentir interessantes e interessados sobre os problemas do mundo.
Mas assumir responsabilidades não nos dá direitos de ser exigentes ou dominadores. Não à toa afirmei que apenas três cores do espectro farão parte dessa passagem cíclica: o Amarelo, o Azul e Branco. Essas três cores ajudarão a driblar os conflitos e desafios de 2022. O Amarelo é cor que fortalecerá as emoções; o Azul acalmará; e o Branco nos fará selecionáveis em palavras e gestos.
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