A História de Santo Antônio de Categeró
Eu sou devoto de Santo Antônio de Categeró. Pouca gente o conhece, mas todos os que conseguiram alcançar alguma graça repetem fervorosamente a sua milagrosa oração.
A palavra "graça" vem do grego caris, que significa "proteção".
Mas também quer dizer alegria, já que aquele que recebe uma graça sente-se
seguro diante de qualquer perigo. Enquanto permanecemos em estado de graça, tudo parece se encaixar.
Nós católicos, temos o hábito
de pedir a intercessão dos santos para que Deus nos conceda uma graça e as
orações são maneiras de formalizar os pedidos. Cada santo abraça um tipo de
causa - as urgentes (ver São Expedito), as impossíveis (ver São Cosme e São Damião) e perdidas (ver São Longuinho).
Ou, ainda, de caráter amoroso, financeiro e de saúde (ver São Sebastião). Basta procurar uma causa
e lá estará um santo responsável do nosso alívio. A Graça é um presente que
Deus nos concede independentemente de quem somos. Se alguém pede emprego não
apenas para si, mas também para os outros milhões de desempregados, trabalha
pelo bem da humanidade e atrai a bondade divina. Vale oração, novena ou
promessas. Somos certamente atendidos quando acreditamos neles.
Eu sou devoto de Santo Antonio de Categeró. Pouca gente deve conhecê-lo, mas todos os que conseguiram alcançar alguma graça o seguem
fervorosamente e repetem a sua milagrosa oração.
Todas às vezes que passo
pela Rua da Alfândega, no Centro da cidade, visito a sua imagem condicionada
numa caixa envidraçada no interior da Igreja de Santo Elesbão e de Santa
Ephigenia. Essa pequena igreja, que foi construída em 1747 por escravos alforriados, pertencia a uma irmandade religiosa formada exclusivamente por negros vindos
de Cabo Verde, Moçambique e Costa da Mina.
Segundo a professora Mariza Soares, da Universidade Federal Fluminense, a presença de negros nessas irmandades não era uma novidade, pois já no século XVI, a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, instalada no Mosteiro de São Domingos, em Lisboa, aceitava receber africanos convertidos ao catolicismo. Aqui no Brasil, desde o início da colonização, foram também instituídas frequentadas por escravos e forros. O mais interessante, é que as irmandades mais pobres tinham que se contentar com os altares laterais ou mesmo pequenos nichos nas sacristias das igrejas. Isso explica porque a imagem de Santo Antonio de Categeró ocupa até hoje uma vitrine posicionada à direita do altar principal! Se você puder, faça uma visita. A igreja de Santo Elesbão e Santa Ephigenia é uma relíquia barroca quase despercebida pelo vaivém frenético do centro da cidade.
Segundo a professora Mariza Soares, da Universidade Federal Fluminense, a presença de negros nessas irmandades não era uma novidade, pois já no século XVI, a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, instalada no Mosteiro de São Domingos, em Lisboa, aceitava receber africanos convertidos ao catolicismo. Aqui no Brasil, desde o início da colonização, foram também instituídas frequentadas por escravos e forros. O mais interessante, é que as irmandades mais pobres tinham que se contentar com os altares laterais ou mesmo pequenos nichos nas sacristias das igrejas. Isso explica porque a imagem de Santo Antonio de Categeró ocupa até hoje uma vitrine posicionada à direita do altar principal! Se você puder, faça uma visita. A igreja de Santo Elesbão e Santa Ephigenia é uma relíquia barroca quase despercebida pelo vaivém frenético do centro da cidade.
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Altar principal da Igreja de S. Elesbão e Sta Ephigenia, no Rio de Janeiro |
Santo Antonio de Categeró não difere dos outros, apenas pelo
fato de que era um escravo líbio que se tornou santo cuidando dos pobres e
curava os enfermos. Mas, desde que devotei minha atenção a ele, percebi que existe
alguma coisa especial em sua aura que até hoje não sei explicar. Dele emana uma Força
especial! Muitos o procuram para alcançar o equilíbrio físico, mental e
espiritual. Se no passado ele era tratado como um ex-escravo que mal sabia se
expressar, hoje é eloquente nos milagres que continua a realizar!
UMA BREVE BIOGRAFIA DO SANTO
Dizem que ele nasceu em Cirenaica, Líbia, em 1490; foi
capturado como escravo e levado para a Sicília, sul da Itália, para trabalhar
nas galeras romanas. Segundo a professora de História Moderna na Faculdade de
Ciências Políticas da Universidade de Palermo, Giovanna Fiume, o jovem que
nasceu educado nas leis do Profeta Maomé, foi vendido para um senhor feudal
chamado Joannis Jandavula - nome que é provavelmente uma corruptela de Ian de
Ávola. Como naquela época, um negro líbio saudável era comprado por um
valor equivalente ao de dois cavalos potentes, Jandavula o batizou de
"Atonio" (valioso).
Detentor de alma pura, com o passar dos anos, Atonio ou Antonio, aproximou-se da religião católica. Apesar do trabalho duro, ele jejuava e cumpria penitências. O seu
ascetismo foi responsável pela superação das condições sociais adversas das
quais foi submetido. Uns diziam que tinha o poder de curar com o toque das mãos
ou de iluminar os lugares insalubres com a sua presença. Nos momentos ociosos
fabricava sacolas, vassouras e cestinhas de fibras de palmeira e distribuía
tudo aos pobres. Quando conquistou a liberdade, dedicou-se totalmente ao
trabalho de cuidar dos doentes - fato que o levou a ingressar para a Ordem
Terceira de São Francisco. Optou por uma vida contemplativa peregrinando de cidade em cidade.
Sua morte deu-se em 14 de março de 1549, e
seu corpo foi enterrado na igreja do Mosteiro dos Frades Menores. Dizem, que quarenta e
nove anos depois, o seu túmulo foi reaberto e o corpo não mostrava vestígios de putrefação! No Brasil, ele é comemorado em 8 de janeiro.
A DEVOÇÃO DO SANTO NO BRASIL
Antonio passou a ser venerado no Brasil como Beato Antonio de
Categeró e mais tarde como Santo Antonio de Categeró. A origem do nome
"Categeró" vem de "Calatagirone" - corruptela de Cartago,
colônia fenícia que disputou com Roma o controle comercial no Mar Mediterrâneo.
A Líbia, local de nascimento de Antonio, era vizinha dos países africanos que tinham forte ligação marítima com Cartago, que em árabe, era conhecida como Qartaj; em berbere,
Kartajen; e na Sicília, Calatagirone. Desde a sua conversão, Antonio
era chamado de "santo etíope"- referência aos negros mouros que chegavam antiga colônia fenícia.
Foram os jesuítas italianos que trouxeram para o Brasil a
devoção do Beato Antonio de Cartago. Logo, muitas igrejas do período Barroco
dedicaram-lhe um altar - principalmente as irmandades compostas de negros
alforriados, que viam nele um exemplo de resiliência. A primeira foi fundada em 1592 e por aqui Santo Antonio tornou-se
símbolo de conforto para os escravos africanos, dos miseráveis e enfermos.
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Pintura do Beato Santo Antônio de Categeró feita por um escravo bahiano, em 1699 |
A devoção ao Santo é tão grande em Salvador, Bahia, que ele está incluso no roteiro turístico do Largo do
Pelourinho, igreja de Nossa Senhora das Portas do Carmo, onde está concentrado
o maior número de suas imagens.
Existem muitas igrejas que ainda mantém um pequeno altar dedicado a ele - como
a da Rua da Alfândega, no Rio de Janeiro. Em
Ávola, Itália, ele é conhecido como Beato Antonio Etíope; na Ilha da Madeira e
Viana do Castelo, Portugal, ele é conhecido como Santo Antonio de Noto. Aqui no
Brasil é conhecido pelos fiéis como Santo Antonio de Categeró. Em 24 de janeiro
de 1978, o bispo de Noto doou um fragmento de osso do braço do santo à paróquia
de Nossa Senhora do Ó, em São Paulo.
ORAÇÃO A SANTO ANTONIO DE CATEGERÓ
Agora que você sabe que a Graça é uma Proteção que nos faz sentir seguros diante dos perigos, as Orações são meios de conectar com o nosso Santo de devoção. Abaixo segue a poderosa oração do escravo que se tornou um santo. Santo Antonio é um dos Meus Mestres! Ao ler essa oração, mentalize o problema que o esteja incomodando; faça-o em voz baixa por três vezes. Você encontrará uma resposta criativa.
Oh, milagroso Santo Antônio de Categeró, valei-me nesta hora de aflição.
Preciso de Vossa ajuda para vencer as lutas do dia a dia e as forças malignas que procuram tirar-me a paz.
Libertai-me das doenças e de todas as bactérias infecciosas que querem contaminar o meu corpo colocando-me enfermidades.
Oh, Santo Antônio de Categeró, estendei as Vossas mãos agora mesmo sobre mim, livrando-me dos desastres, da inveja e todas as obras malignas.
Oh, Santo Antônio de Categeró, iluminai os meus passos, a fim de que, onde quer que eu vá, não encontre empecilhos, e guiado pela Vossa Luz me desvie de todas armadilhas preparadas pelos meus adversários.
Oh, Santo Antônio de Categeró, abençoai a minha família, o meu pão e a minha casa, cobrindo-nos com o véu da prosperidade, do amor, da saúde e da felicidade.
Para sempre! Para sempre!
Que Assim Seja.
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