Era uma vez um rei muito rico. Tinha tudo. Dinheiro, poder, conforto, centenas de súditos. Ainda assim não era feliz.
Um dia, cruzou com um de seus criados, que assobiava
alegremente enquanto esfregava o chão com uma vassoura. Ficou intrigado. Como
ele, um soberano supremo do reino, poderia andar tão cabisbaixo enquanto um
humilde servente parecia desfrutar de tanto prazer?
__ Por que você está tão feliz? - perguntou o rei.
__ Majestade, sou apenas um serviçal. Não necessito muito.
Tenho um teto para abrigar minha família e uma comida quente para aquecer
nossas barrigas.
O rei não conseguia entender. Chamou então o conselheiro do
reino, a pessoa em que mais confiava.
__ Majestade, creio que o servente não faça parte da
Sociedade dos Noventa e Nove.
__ Sociedade dos Noventa e Nove? O que é isso?
__ Majestade, para compreender o que é a Sociedade dos Noventa
e Nove, ordene que seja deixado um saco com noventa e nove moedas de ouro na
porta da casa do serviçal.
E assim foi feito.
E assim foi feito.
Quando o pobre criado encontrou o saco de moedas na sua
porta, ficou radiante. Não podia acreditar em tamanha sorte. Nem em sonhos
tinha visto tanto dinheiro.
Esparramou as moedas na mesa e começou a contá-las.
__ ...noventa e seis,
noventa e sete, noventa e oito… noventa e nove!
Achou estranho ter noventa e nove moedas. Talvez tivesse derrubado
uma. Provavelmente eram cem. Revirou, revirou, mas não encontrou nada. Eram noventa
e nove, mesmo. Por algum motivo, aquela moeda que faltava ganhou uma súbita
importância. Com apenas mais uma moeda de ouro – mais um - ele completaria cem.
Um número de três dígitos! Uma fortuna de verdade. Ficou obcecado por completar
seu recente patrimônio com a moeda que faltava. Decidiu que faria o que fosse
preciso para conseguir mais uma moeda de ouro. Trabalharia dia e noite. Afinal,
estava muito, muito, muito perto de ter uma fortuna de cem moedas de ouro.
Seria um homem rico, com cem moedas de ouro!
Daquele dia em diante, a vida do serviçal mudou. Passava o tempo todo pensando em como ganhar uma moeda de ouro. Estava sempre cansado e resmungando pelos cantos. Tinha pouca paciência com a família que não entendia o que era preciso para conseguir a centésima moeda de ouro. Parou de assobiar enquanto varria chão.
Daquele dia em diante, a vida do serviçal mudou. Passava o tempo todo pensando em como ganhar uma moeda de ouro. Estava sempre cansado e resmungando pelos cantos. Tinha pouca paciência com a família que não entendia o que era preciso para conseguir a centésima moeda de ouro. Parou de assobiar enquanto varria chão.
O rei percebeu essa mudança súbita de comportamento e chamou
seu conselheiro.
__ Majestade, agora o serviçal faz, oficialmente, parte da
Sociedade dos Noventa e Nove.
E continuou:
__ A Sociedade dos Noventa e Nove é formada por pessoas que
têm o suficiente para serem felizes, mas mesmo assim não estão satisfeitas com
nada. Estão constantemente correndo atrás desse “1” que lhes falta. Vivem
repetindo que se tiverem apenas essa última e pequena coisa que lhes falta, aí
sim poderão ser felizes de verdade. Majestade, na realidade é preciso muito
pouco para ser feliz. Porém, no momento em que ganhamos algo maior ou melhor,
imediatamente surge a sensação que poderíamos ter mais. Com um pouco mais,
acreditamos que haveria de fato, uma grande mudança. Só um pouco mais. Perdemos
o sono, nossa alegria, nossa paz e machucamos as pessoas que estão a nossa
volta. E o pouco mais, sempre vira… um pouco mais. O pouco mais é o preço do
nosso desejo.
E concluiu:
__ Essa, majestade... é a Sociedade dos Noventa e Nove.
(Autor desconhecido)
Ótimo texto ! Deixou bem claro,o maior males que prejudica o homem a "ganância."
ResponderExcluirExatamente, Paulo! É triste; mas é a mais pura verdade...
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