Em nome de Brahma, Vishnu e Shiva


A religião hinduísta atribui o ritmo do Universo a um eterno ciclo de criação, preservação e destruição. Simbolizando cada uma dessas etapas estão seus deuses supremos, Brahma, Vishnu e Shiva. Essa trindade, chamada Trimurti, representa duas forças antagônicas e uma harmonizadora. Enquanto dois deles figuram polos opostos - Vishnu, Luz e a Vida, e Shiva, as Trevas e a Aniquilação -, Brahma aparece como o Equilíbrio e a União desses contrários. Trata-se de um mecanismo cíclico - constante e infinito: Brahma cria o Universo, Vishnu conserva e Shiva destrói.



Uma das religiões mais antigas do mundo, o Hinduísmo é adotado por mais de 800 milhões de fieis. Além dos três supracitados, seus deuses podem ser contados às centenas, mas acima de tudo, acreditam que uma força única que seja a origem de Tudo - Brahman. Unir-se a esse espírito absoluto é a meta depois de várias reencarnações, ao final de sucessivas mortes e renascimentos.

Para os hinduístas, existe um deus em tudo e em todos, sendo que todos são parte integrante do Criador, que está presente em cada ser vivo. Uma referência à presença divina em todas as pessoas é a conhecida saudação namastê, que significa "o Deus que existe em mim, saúda o Deus que existe em você". Uma curiosidade: em quase todas as pinturas ou esculturas, Vishnu e Shiva aparecem de várias formas, enquanto Brahma não costuma ser representado.



O QUE DEVEMOS APRENDER COM ELES

Brahma, Vishnu e Shiva, os três deuses supremos indianos, formam a Trimurti Sagrada, que para os seguidores da religião hinduísta, sustenta o Universo. Os três possuem uma contraparte feminina, na figura de suas esposas, que também podem assumir diversas aparências, personalidades e significados. 




CRIAR

É considerado o deus supremo. Brahma surgiu, segundo os hinduístas, como encarnação do espírito universal de Brahman, por isso praticamente não é cultuado. Ele é uma força tão sutil que nem consegue ser imaginada por quem não possui elevação espiritual. Brahma é representado com quatro cabeças e oito braços. Nas mãos, segura uma flor de lótus, seu cetro, uma colher, um rosário, um vaso contendo água benta e os Vedas. Todos os dias Brahma recria incansavelmente o mundo, pois ao dormir, tudo que nele existe é consumido pelo fogo. Com a diminuição de seu culto, Vishnu e Shiva tornaram-se as duas principais divindades do hinduísmo.


PRODUZIR

Responsável pela continuidade, manutenção e estabilidade das coisas, o deus é representado com a pele azul- escura e quatro braços, que simbolizam seu poder de alcançar os quatro cantos do cosmo. Seu nome em sânscrito significa "Tudo". Sua força restauradora se manifesta em suas encarnações terrenas - que segundo o hinduísmo, vêm ao mundo de diversas formas, chamadas avatares, que podem ser humanas, animais ou uma combinação dos dois. No total, existem dez avatares que aparecem regularmente quando um grande mal ameaça o planeta Terra. Entre os dez avatares mais conhecidos estão Rama, Krishna e o próprio Buda. Sua esposa é Lakshmi, deusa da riqueza e da sorte. A montaria sagrada de Vishnu é Garuda, a águia gigante. Ao cavalgar através, Garuda torna-se um símbolo do sol, e é amiúde associado a Agni, deus do fogo.


Uma curiosidade que se deve levar em conta: no filme Avatar, de James Cameron (2009), os Na'vi, seres gigantes de pele azul-escura fazem lembrar as características físicas desse deus. No filme, o temível pássaro Toruk, por exemplo, possui as mesmas características místicas de Garuda, que no folclore da cultura Na'vi, é lembrado na dança, música e objetos que simbolizam o respeito pela criatura. Repare na imagem ao lado. Qualquer coincidência é mera semelhança, não acha? Aliás, esse filme é maravilhoso. Leia sobre o que escrevi sobre ele aqui.



RENOVAR

Deus do tempo, Shiva cura por meio das ervas medicinais e também está ligado à Renovação. Ele destrói para recriar. Concilia aspectos contrastantes: ora mostra-se ameaçador e meigo, ora fértil e casto. Seu principal símbolo é o falo (pênis), que são comumente pendurados nos templos representando sua energia masculina que está presente na origem do universo. Na Índia, reverenciar o lingam (o pênis de Shiva, veja a foto) é o mesmo que reverenciá-lo. Ele pode ser feito em qualquer material, embora o preferido seja o de pedra negra. Na falta de uma imagem do deus, se constrói um lingam com a areia da praia ou do leito do rio; ou simplesmente se coloca em pé uma pedra comprida. Sua esposa, Mahadevi, também assume várias formas, seguindo as complexas características do marido. Elas podem ser benignas, como Sati e Parvati - que personificam os atributos da esposa ideal; ou malignas, como a deusa guerreira Durga e a ceifadora de vidas, a terrível Kali.



Uma curiosidade: o tridente que aparece nas ilustrações de Xiva chama-se "trishula". É com ela que ele destrói a ignorância dos homens. Suas três pontas representam as três qualidades dos fenômenos: Tamas (a inércia), Rajas (o movimento) e Sattva (o equilíbrio). Aliás, a Trimurti é uma analogia mística dos números Um, Dois e Três que dão início à Vida no Universo.

CONVERSATION

0 Comentários:

Postar um comentário

Obrigado por deixar seu comentário!