O homem que veio do nada


Diplomata, músico , pintor, joalheiro, amigo de reis e de príncipes, homem de muitas vidas e muitas vidas e muitas mortes, o pretenso conde de Saint Germain destacou-se por uma vida de aventuras na Europa do século XVIII, mas teria sido contemporâneo de Jesus Cristo.



Até mesmo sua morte é uma incógnita: não existe nenhum registro histórico sobre ela e a tumba onde ele teria sido enterrado está completamente vazia. Segundo o jornalista e escritor, Luís Pellegrini, a figura histórica do conde de Saint Germain é tão enigmática e controvertida, que pesa sobre ela acusações de fraude charlatanismo.

A partir deste post, o Mestre Interior apresentará em vários capítulos um minucioso e detalhado estudo sobre um dos símbolos mais conhecidos no âmbito das sociedades esotéricas. Tente você mesmo responder a essa pergunta: quem foi Saint Germain?

Um imortal?

O final de 1745 foi um período de feroz caça aos espiões na cidade de Londres. O jovem príncipe Charles Edward Stuart desencadeara uma rebelião com o objetivo de recuperar o trono inglês para seu pai. E havia evidências de que, embora derrotados na batalha de Culloden, em abril, os golpistas e seus simpatizantes franceses estavam refugiados em Londres.



Todos os estrangeiros, a começar pelos franceses, encontravam-se na mira da polícia. Em novembro, um deles foi detido por trazer consigo cartas pró-Stuart. Indignado, o homem alegou que as cartas não lhe pertenciam, e que tinham sido colocadas entre suas coisas apenas com o propósito de incriminá-lo. Nada a estranhar: essa alegação é muito comum. O que surpreendeu a todos foi ele ter conseguido convencer a polícia, sendo libertado em seguida.


Horace Walpole, ao comentar o caso, numa carta de 9 de dezembro de 1745 para Sir Horace Mann, escreveu: "Ele vive aqui há dois anos e recusa-se a dizer quem é e de onde veio, admitindo apenas que não usa seu verdadeiro nome. Apesar de cantar e tocar violino muito bem, ele estava exaltado e fora de seu juízo perfeito".





FULGOR DE DIAMANTES

Esse estranho a quem Walpole se refere foi um dos personagens mais contraditórios da alta sociedade européia do século XVIII. Frederico, o Grande, da Prússia, afirmava que o conde era imortal, e o príncipe Carl de Hesse-Castel, alquimista fervoroso e seu último protetor conhecido, considerava-o um dos maiores sábios de todos os tempos. Para outros, como o conde Warnstedt, Saint Germain era "o mais completo charlatão, vigarista, desmiolado, mentiroso e mentiroso". Ou ainda, segundo seu amigo Giovani Casanova, "o rei dos impostores".


Sob suspeita de portar uma carta
para o jovem príncipe Carl E. Stuart,
St. Germain foi detido como espião.
Nada se sabe sobre o ano e o local exatos de seu nascimento, nem sobre sua infância e mocidade. A primeira referência histórica ao conde data de 1740, quando aparentava estar na casa dos trinta anos e começou a freqüentar a nobreza vienense. Numa época em que as sedas e os cetins coloridos eram a última moda, ele se destacava por estar sempre de preto, apenas com o colarinho e os punhos de linho branco. Essa sobriedade, contudo, contrastava de modo espetacular com o brilho dos diamantes que usava nos anéis, na algibeira, na caixa de rapé e nas fivelas dos sapatos. Segundo outros relatos, ao invés de dinheiro, costumava carregar um punhado de diamantes nos bolsos.

Por intermédio dos condes Zabor e Lobkowitz, notórias figuras da aristocracia vienense, tornou-se amigo do marechal francês Belle Isle, que se encontrava gravemente enfermo. Não se conhece a natureza de sua doença, mas segundo o próprio marechal, foi Saint Germain quem conseguiu curá-lo. Em sinal de gratidão, o marechal levou-o para a França, instalou-o num apartamento e financiou-lhe um bom laboratório para suas pesquisas alquímicas.



O período em que o conde viveu em Paris está bem documentado e alguns episódios dessa época deixam entrever o mistério.

A lenda que envolve o conde tem início logo após sua chegada a Paris. Certa noite - como se pode ler na "Croniques de l'oeil de boeuf (Crônicas do olho de boi), da condessa B..." - o conde de Saint Germain fora convidado a uma recepção na casa da idosa condessa de Georgy, cujo falecido marido servira em Veneza, como embaixador, na década de 1670. Ao ouvir o mordomo anunciando Saint Germain, a condessa disse que se lembrava daquele nome dos tempos de Veneza. Teria o pai do conde estado lá naquela época?

Saint Germain respondeu que não, mas que ele estivera e lembrara-se perfeitamente da condessa como uma linda jovem. Ela duvidou: o homem que conhecera  tinha pelo menos 45 anos, a idade que o conde aparentava ter agora.
__ Madame, sou muito velho - disse Saint Germain com um sorriso enigmático.
__ Então o senhor deve ter quase cem anos!
__ Isto não é impossível - replicou o conde e, para surpresa dela, passou a contar-lhe alguns episódios ocorridos em Veneza.
__ Eu já estou convencida. O senhor é um homem extraordinário... É um demônio!
__ Por favor! Não repita esse nome! - bradou indignado Saint Germain, tremendo como se estivesse com câimbras em todo corpo e retirando-se imediatamente da sala.

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