Cosme, Damião e Doum



A biografia dos santos católicos nos diz que os irmãos Cosme e Damião eram gêmeos idênticos, filhos de uma família nobre árabe que foi convertida ao Cristianismo, no século III. 



Antes da conversão, atendiam pelos nomes Acta e Passio. Acredita-se que os jovens eram físicos - profissionais que estudavam e buscavam a cura do corpo através de elixires. A popularidade de ambos deveu-se ao fato de exercerem a medicina sem nada cobrar aos doentes e necessitados. Mas, perseguidos pelo Imperador Diocleciano, foram presos e acusados de exercerem a feitiçaria. 



Existem quatro versões para suas mortes, nenhuma comprovada historicamente. A primeira, conta que teriam sido condenados, amarrados e jogados em um despenhadeiro. A segunda, que foram afogados, mas milagrosamente salvos por um anjo; a terceira, que foram queimados numa fogueira; e por último, apedrejados.

Na Idade Média, a popularidade dos Santos os fez ganhar traços europeus - diferentemente de sua origem síria. Cada iconografia incluiu novos detalhes culturais e símbolos variados. Em várias imagens podemos observar os ramos de palmeira que ambos seguram junto ao corpo. As palmeiras possuem o significado da vitória dos que morreram pela fé, ou a chegada ao Reino dos Céus. Esse mesmo símbolo também é encontrado nas imagens de Santo Expedito, que as exibe na mão esquerda. Outro símbolo presente são os cajados - símbolo que representa o eixo do mundo; e por último, a cor vermelha e verde, que representam respectivamente, a paixão humana e a cura da alma.



A CHEGADA DE DOUM, O TERCEIRO IRMÃO

Existe uma curiosidade quando ouvimos o nome "Doum" nos pontos cantados - também conhecidos por curimbas (músicas ritualísticas com a finalidade de chamar, saudar, louvar, se despedir e agradecer as entidades). A informação de que Doum é o irmão caçula de Cosme e Damião veio através das religiões afro-brasileiras, onde o menino apareceu vestindo as mesmas roupas dos dois irmãos mais velhos. Essa nova configuração iconográfica, foi baseada em várias histórias populares, como por exemplo, a que Cosme e Damião não eram gêmeos, mas trigêmeos e que, com a morte do caçula, os dois mais velhos se tornaram determinados a aprender e praticar a profissão de médicos a fim de curar a todas as crianças, sempre de forma caridosa. O único pagamento exigido era alimento e guloseimas - daí a tradição popular de distribuir doces. Doum, na Umbanda personifica as crianças desencarnadas com idade de até sete anos, sendo os Santos protetores espirituais das mesmas nessa faixa de idade (mais uma interferência do Espiritismo de Kardec nos cultos umbandistas do início do século passado).



A ORIGEM DO NOME

O nome Doum tem origem em "idowu" (idoú), que em iorubá, literalmente significa "irmão". Abre-se um parêntese: nas tradições nigerianas, essa expressão carregava um peso bem mais subjetivo. Lá quando uma nativa dava a luz a gêmeos masculinos e, caso houvesse no segundo parto o nascimento de outro menino, este era considerado “idowu” – ou seja, “aquele que veio ao mundo para fazer companhia a seus irmãos gêmeos”. Embora a imagem dos três santos faça parte dos altares dos rituais afro-brasileiros, ela se afasta completamente do que do entendemos dos Ibejis, Orixás africanos - que são dois.



No Brasil, o culto a São Cosme e São Damião foi introduzido pelo Governador da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho, em 1535. Além deles, mais dois santos irmãos, são venerados no calendário católico - São Crispim e São Crispiniano, padroeiros dos sapateiros - estes comemorados em 25 de outubro. Entretanto, eles acabaram incorporados ao culto de Cosme e Damião.


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