A coruja e o falcão


Certa vez, um homem que estava sentado no interior de uma igreja, observou uma pequena coruja que estava junto à janela principal. Ela caiu e o distraiu da oração, mas ele não deu muita importância ao fato.


Nos dias que se seguiram, ele passou a observar que a tal coruja - que havia despencado dias atrás - permanecia parada no mesmo lugar. Dia após dia ele pôs-se a observar a coruja. Notou que ela quase não se movia. Isso o incomodou. Principalmente quando percebeu que a coruja ocupava mais tempo de sua atenção do que as orações.

Como será que ela veio parar ali? Certa vez até chegou a mexer com ela para ver se realmente era uma coruja de verdade. De tanto observar, percebeu que a ave era cega e isso o intrigou ainda mais.

Até que um dia, notou que um enorme falcão entrou na igreja com alguma coisa presa no bico. Eram minhocas ou algum tipo de inseto, que serviam de alimento para a pequena coruja!



Ele maravilhou-se com o que viu. Coçou os olhos para ver se enxergava direito: o falcão entrava na igreja para alimentar a coruja, da mesma forma como faria com um de seus filhotes! O homem louvou a Deus e maravilhou-se sobre a razão de tamanho milagre. Sentiu enorme consolação ao pensar em um Deus tão amoroso, a ponto de colocar um falcão para cuidar de uma mísera coruja.

"O que não faria Deus por mim?", pensou.

Sentiu o coração vibrar ao perceber que Deus também cuidaria dele com o mesmo carinho com que cuidava daquela ave. No entanto sua consolação também lhe trouxe a emoção interior de que Deus lhe revelava algo único. Pensou, pensou e decidiu se desfazer de tudo o que tinha. Ponderou que era apegado demais aos seus bens e que Deus e se colocasse sob Seus cuidados obteria a felicidade eterna. Bastava seguir a aquele exemplo maravilhoso: Deus o chamava para viver uma vida de pobreza. Ele, com certeza, valeria mais que mil corujinhas cegas!

Assim, decidiu desfazer-se de tudo. Saiu de casa. Dou seus bens e colocou-se como mendigo na porta da mesma igreja que costumava freqüentar. No entanto, começou a ter dificuldades: as pessoas o tinham conhecido como rico comerciante e por mais que tentassem compreender não entendiam porque ele estava ali. A maioria achava que tinha enlouquecido; não lhe davam esmolas e em pouco tempo começou a passar fome.



Desolado e entristecido, pensava que Deus o tinha abandonado. Renunciara a tudo para viver da Providência e o Senhor não aceitou sua renúncia.

Procurou sacerdote e revelou sua desolação. Ao que o sacerdote lhe perguntou:

__Você tem certeza que foi Deus quem lhe pediu para viver como mendigo?
__ Claro, a experiência com a coruja me mostrou que Deus sempre cuida de quem precisa e eu não tinha como duvidar! - respondeu convicto.

O sacerdote o olhou serenamente e com muita compaixão lhe perguntou:
__Você tem certeza que Deus o chamou para ser uma “coruja”? Será que Ele não estaria te chamando para ser um “falcão”?



MORAL DA HISTÓRIA

Muitas pessoas se abdicam de tudo para aguçar a compaixão do seu próximo. Deus nos chama para sermos falcões. É claro que Deus também nos trata como uma coruja, mas reconhece em nós a Fortaleza. Mas se nós decidirmos assumir o papel de falcão, Deus nos conduzirá exatamente ao lugar onde existem as corujas que anseiam de proteção e alimento. A nossa vitória não depende só de Deus. Depende da nossa Vontade! 

Que Deus nos conceda o discernimento para sermos capazes de tomar posse das bênçãos que foram preparadas desde a fundação do Orbe terrestre!

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